Em pouco tempo, Emmy Leitão se tornou numa das artistas de maior ascensão do cenário do Oddcast. Com o álbum M (2018), a cantora obteve tremendo sucesso e deixou seu nome marcado em todas as premiações e atualizações de charts, mas dessa vez, algo na imagem de Emmy como artista está diferente e, claramente, o seu novo álbum Contos de Fodas a guiará até novos patamares.
Desde os seus primeiros passos, Leitão sempre apostou no filthy-pop, fenômeno sem erros no Oddcast. Com grandes influências de artistas como Shakiria Gaga e Maicow Reveley, o segundo álbum de estúdio de Emmy Leitão consolida a interprete de ''Lobo Mau'' de uma vez por todas.
Iniciando o álbum com a intro ''Era uma vez...'', Emmy mescla conceito com filthy e prova a importância do gênero no Oddcast, quebrando barreiras de até onde um artista pode usar sua criatividade. Na primeira faixa sólida do CD (''Eu Não Quero Morrer Virgem'') o storytelling do álbum ganha forma em versos fazendo breves easter-eggs ao que vem a acontecer no restante do projeto. A cada vez em que Emmy diz ''Eu quero ter contos de fodas para contar'' a música cresce, valorizando a importância sonora que a cantora quer entregar, mesmo apostando num trabalho comercial e pop, fazendo-se com que os pequenos detalhes sejam os mais valorizados. Seguindo em ''Aos 13'', uma sonoridade parecida com ''Halloween'', sua parceria com Raquelusho, surge no disco e compactua a ideia de que Contos de Foda tende a ser uma era promissora ao decorrer de sua história.
Na interlude ''Má-drasta'', Emmy entrega ao seu público tudo que eles mais se familiarizam e molda momentos de futuras citações icônicas no meio da cultura pop virtual, fazendo jus ao hype que o aguardado CD teve. Certamente, Leitão será um dos nomes mais comentados durante todo o ano com o seu álbum. Ao ouvir ''Lobo Mau'' como quarta faixa do álbum, a parceria com Maicow Reveley se transforma numa das representações do auge do disco por conta do quão atemporal a canção se tornou ao decorrer do tempo após seu lançamento. ''Shreka'' com participação de Xereca Baiana, icônica e marcante estrela do Habbo, é uma música típica mas não é forte comparada ao restante das outras faixas. Em ''Branca de Porra'' temos clássicas referências de produção de Van Vogue, que foi responsável por trazer a composição solo de Emmy Leitão à vida numa sonoridade similar ao PC Music. Enfim no ápice do Contos e numa das músicas mais aguardadas, Maicow Reveley, Raquelusho e Thalia se juntam a Emmy no roteiro de ''3 Porquinhas'' que parece ser a faixa mais promissora presente no segundo LP de Leitão, não apenas por ser uma parceria entre lendas, mas também por sua letra cômica e facilmente marcante no Oddcast, trazendo mais identidade ao disco.
''Pica Pau'' prossegue o álbum numa produção tradicional de Thalia, que mais tarde é complementada pelas faixas finais. Assim como ''Lobo Mau'', ''Pirocchio'' também se torna uma das signature-songs do álbum e parte do ápice sonoro sucedido pela faixa ''Estupro Consentido'' que compartilha características que consolidaram Emmy Leitão como uma grande artista no Oddcast. Por fim, o featuring com Shakiria Gaga e Shanna Evans em ''Fodidas Para Sempre'' e ''Final Infeliz'' finalizam a experiência do disco com citações remetentes às faixas anteriores e fecha o projeto numa maneira bem consistente e sem furos.
Resumindo em poucas palavras, Emmy Leitão faz a melhor escolha que poderia ter feito em sua carreira ao sair de sua zona de conforto ao apostar numa obra tão grandiosa como a sucessora de seu atemporal CD de estreia. Se torna previsível dizer que o disco é o próximo grande marco no Oddcast, uma vez que Emmy Leitão quebrou os paradigmas de que músicas filthy não podem ser conceitualizadas, trazendo o prestígio necessário para o gênero que foi responsável pela ascensão da música virtual. Com todos os olhos mirados em seus próximos passos, Contos de Fodas é um álbum que supera expectativas sonoras, líricas e visuais.
Melhores faixas:
3 Porquinhas
Pica Pau
Shreka
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